Semana Santa, tempo da misericórdia do Pai, da ternura do Filho e do
amor do Espírito Santo.
Esta semana chama-se "Santa" porque nos introduz diretamente
no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Cada um desses
acontecimentos tem um conteúdo eminentemente profético e salvífico.
O fiel cristão – verdadeiramente apaixonado por Jesus Cristo – não pode
deixar de acompanhar ativamente a Liturgia da Semana Santa. Infelizmente, a
maioria dos católicos tem outras preferências na semana mais santa do ano. Não
são capazes de “vigiar e orar” uma só hora com Jesus (cf. Mc 14, 37-38).
QUE BOM SERIA se os cristãos católicos entendessem que a Semana Santa,
em especial a Sexta-feira da Paixão, o santo Sábado de Aleluia e o Domingo
da Ressurreição, não são apenas mais uma oportunidade para o lazer, nem
para reuniões familiares com muita comilança e bebedeira! Não estamos prestes a
viver, simplesmente, mais um "feriadão"! Para os verdadeiros
cristãos, não é assim, nem nunca foi.
Se a mídia laica entende assim esses dias, paciência. Trata-se,
evidentemente, de uma outra visão, um outro olhar, desprovido de qualquer
preocupação com a transcendência. Já para nós, católicos, é o outono santo, o
tempo mais sublime e mais sagrado, de celebrar a Páscoa definitiva que Deus
preparou e consumou, em nosso amado Cristo, Jesus, para toda a humanidade.
Trata-se de preparação para a Páscoa e festa da Páscoa! Esperamos para celebrar
Jesus que vence a morte e nos dá a prova definitiva de que Deus não desiste de
nós. Com a vitória sobre a morte, fruto do pecado, temos garantida a mesma
Vitória, se ouvirmos a santa Palavra e nos mantivermos no Caminho e na
Comunhão.
Nós queremos acompanhar os passos de Cristo e sentir de perto o que vai
acontecer a nosso melhor Amigo e Salvador, procurando sentir o que Jesus sentia
em seu coração ao se aproximar a Hora decisiva de glorificar o Pai. Ele viveu
esses dias com mansidão e serenidade na presença do Pai. Seu coração estava
inundado por uma imensa ternura para com todos os filhos e filhas de Deus
dispersos.
A Semana Santa é, assim, um período maravilhoso, de graça indescritível e
bençãos de valor espiritual inestimável. Sete dias de profundíssimo
recolhimento, oração, meditação, contemplação. Jejum e penitência, depois
tremenda, indizível, santa alegria. Mergulhamos fundo no Mistério da Paixão,
Morte e Ressurreição do Senhor. Mostremo-nos, pois, solidários a Jesus.Passemos
esta última semana de sua vida terrena com Ele, num último gesto de amor e
amizade, recolhidos em oração fervorosa e contemplação profunda, de modo que a
Páscoa do Senhor seja um dia verdadeiramente “novo” para nós.
Ao participarmos da bênção e procissão de ramos, queremos
homenagear a Cristo e proclamar publicamente a sua Divina Realeza.
No Evangelho lido na Segunda-feira Santa, contemplamos Maria
de Betânia ungindo os pés do Mestre com o perfume do amor e da gratidão. Na Terça-feira,
Cristo revela o que se passa no coração de Judas Iscariotes. E também é
celebrada em nossa Diocese a Missa Crismal. Esta celebração, que o Bispo
concelebra com o seu clero e dentro da qual consagra o santo crisma e benze os
óleos usados no Batismo e na unção dos enfermos, é a manifestação da comunhão
de todo o clero com o seu Bispo. Na Quarta-feira, Mateus relata
Cristo celebrando com os Apóstolos a festa da Páscoa judia e a traição de
Judas.
Na Quinta-feira Santa, se inicia o Tríduo Pascal no
período vespertino. Com a celebração da Missa da Ceia do Senhor (cerimônia
do Lava-pés), recordamos a instituição da Eucaristia e do sacerdócio
católico, bem como o mandamento do amor com que Cristo nos amou até o fim (cf.
Jo 13, 1).
A Sexta-feira Santa é o grande dia de luto para a Igreja. Não há Santa
Missa, mas celebração da Paixão do Senhor que consta de três partes: liturgia
da Palavra, adoração da Cruz e sagrada Comunhão. Vivamos este dia em clima
de silêncio e de extrema gratidão, contemplando a morte de Jesus na cruz por
nosso amor.
O Sábado Santo é dia de oração silenciosa e de profunda
contemplação junto ao túmulo de Jesus. São horas de solidão e de saudade… É
ocasião para acompanharmos Nossa Senhora da Soledade e as santas mulheres junto
ao túmulo de Jesus, sentindo com elas a medida do amor que Cristo suscita nos
corações que O conhecem de perto.
A Vigília Pascal, “a mãe de todas as vigílias”, na qual a
Igreja espera, velando, a Ressurreição de Cristo, compõe-se da liturgia da Luz,
da liturgia da Palavra, da liturgia Batismal e da liturgia Eucarística.
Celebremos, então, a Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus
Cristo com fervor, com piedade, com o sincero desejo de renovação da fé, com o
puro desejo de transformar o meio em que estamos inseridos. Deixemos que dentro
de nós, em nossos lares, em nossas comunidades, em nossa Igreja, este tão
falado Jesus ressuscite e seja Presença viva e transformadora dos corações, das
estruturas, mentais, físicas, espirituais. Não somos seguidores do Livro pelo
Livro, como não somos adoradores de um Deus morto. O Filho de Deus, que das
Alturas veio ser Deus Conosco, continua conosco, dentro de nós e no meio de
nós, ressuscitado, na história de nossa vida e na História da humanidade.
Por tudo isso, insistimos, a Semana Santa não é mais um
"feriadão". É infinitamente mais. É, sim o grande retiro espiritual
do povo de Deus. Entramos com Jesus em Jerusalém, com nossos ramos, no domingo
que passou; sentemo-nos com Ele na Ceia da Quinta-feira Santa para receber o preciosismo
Dom da Eucaristia; contemplemos, na Sexta-feira de sua Paixão, Jesus manso e
humilde de coração erguido entre o Céu e a Terra, consumando sua maior prova de
Amor por nós; Vigiemos na noite do Sábado Santo, com a celebração da Luz e a
recordação da História da Salvação. E na manhã luminosa do Domingo, o
Dia do Senhor, com as mulheres e os Apóstolos, constatamos que o sepulcro santo
está vazio e que o Senhor verdadeiramente ressuscitou, está vivo entre nós! É
quando voltaremos a entoar o Aleluia!
É Páscoa! O Senhor ressuscitou! O Amor de Deus para conosco é mais forte
que a morte e a multidão dos nossos pecados! Nossa esperança nele não é vazia!
Levemos ao mundo, com a Palavra e em nossas vidas, o alegre testemunho da
Ressurreição de Jesus, que garante a nossa própria ressurreição! Misturemo-nos
à sociedade e, como fermento, transformemo-la com a nossa Fé, com a nossa
Esperança e com o nosso Amor a Deus e ao próximo. Não podemos retardar o
anúncio da ressurreição. Que a alegria de Cristo ressuscitado penetre nosso
ser, domine nosso pensamento, tome conta de nossos sentimentos e ações.
Precisamos de gente que tenha feito experiência da ressurreição. Existe uma
única prova de que Cristo tenha ressuscitado: que as pessoas vivam a Sua vida e
se amem com o amor com que Ele nos ama…
Guiados pela luz do círio pascal, e ressuscitados para uma vida nova de
fé, esperança e amor, sejamos testemunhas vivas da Ressurreição do Senhor
Jesus.
Que a Mãe do Ressuscitado nos aponte o caminho para Jesus Cristo, nosso
único Salvador.
Publicado Por: Lauro Vieira
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